Olá Deusa,
Preparar-me para uma viagem de trabalho sempre desperta uma avalanche de sentimentos contraditórios. À medida que se aproxima um evento de turismo muito importante nos próximos dias, encontro-me dividida entre a emoção de desempenhar o meu papel profissional e a culpa de deixar a minha família para trás. Ser uma boa profissional e uma boa mãe parece, às vezes, uma missão quase impossível.
A culpa começa a se infiltrar. A ideia de estar ausente durante dias faz-me questionar a minha dedicação como mãe. Será que estou a negligenciar os meus filhos? Será que sou egoísta por colocar o trabalho em primeiro lugar? Esses pensamentos assombram-me e fazem-me sentir inadequada.
No meio desta tempestade emocional, recebi uma chamada telefónica do meu marido. Do outro lado da linha, ele disse-me: “Eu tenho muito orgulho em ti e no trabalho que fazes.” Essas palavras, simples mas poderosas, mudaram imediatamente a minha vibração. A culpa e a auto-punição deram lugar a um misto de emoção e euforia. No entanto, questionei-me por que razão me sinto assim. Por que me deixo consumir por essa culpa?
A resposta reside nas crenças e na forma como fomos educadas. Desde pequenas, somos ensinadas a cuidar do lar e da família, a colocar as necessidades dos outros acima das nossas. Mesmo com todo o trabalho de empoderamento e reprogramação mental que faço, essas crenças profundamente enraizadas ainda conseguem me atrapalhar. É um desafio constante equilibrar a carreira e a maternidade, e a culpa é um peso invisível que muitas de nós carregamos.
Mas a verdade é que ser uma boa profissional não significa ser uma má mãe. Pelo contrário, o exemplo de uma mãe que luta pelos seus sonhos e trabalha arduamente é uma lição valiosa para os nossos filhos. Mostramos-lhes que é possível ser forte, independente e bem-sucedida, sem sacrificar o amor e a dedicação à família.
O apoio do meu marido foi um lembrete importante disso. Ele vê o valor do meu trabalho e reconhece o esforço que faço para equilibrar todas as responsabilidades. E se ele, que partilha a vida comigo, sente orgulho, então talvez eu também deva aprender a ser mais gentil comigo mesma.
Devemos desafiar essas crenças limitantes e reformular a nossa visão sobre o que significa ser mãe e profissional. É crucial encontrar um equilíbrio, mas é igualmente importante perdoar-nos pelas vezes em que não conseguimos. Ser uma mãe que trabalha não é um fracasso, é uma demonstração de resiliência e determinação.
Encorajo todas as mães profissionais a lembrarem-se de que não estão sozinhas nesta luta. As emoções contraditórias são naturais, mas não devemos permitir que a culpa nos impeça de perseguir os nossos sonhos e ambições. Devemos celebrar as nossas conquistas e reconhecer o valor que trazemos tanto ao nosso trabalho quanto às nossas famílias.
No final das contas, os nossos filhos beneficiam de ver a força e a paixão com que abraçamos as nossas carreiras. Eles aprendem a valorizar o trabalho duro e a persistência, e crescem com o exemplo de que é possível equilibrar várias facetas da vida com graça e coragem.
Assim, enquanto preparo as malas para o próximo evento de turismo, faço-o com a confiança renovada de que estou a fazer o melhor para mim e para a minha família. Agradeço o apoio do meu marido e aceito que ser uma boa mãe e uma boa profissional não são objetivos mutuamente exclusivos. São, na verdade, duas faces da mesma moeda, mostrando aos nossos filhos que, com amor e determinação, tudo é possível.
Saudações Afroturísticas e até a próxima viagem!