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E m 2022, tive a honra de participar do TedxPorto Saloon, onde abordei um tema que continua ecoando na minha mente e no meu coração: “Onde estão as mulheres negras no setor do turismo em Portugal?” Descrevi a minha angústia ao perceber que as mulheres negras, muitas vezes, se encontram confinadas a funções específicas, como empregadas de andares ou no serviço de restauração, enquanto raramente são vistas na recepção de hotéis. Infelizmente, ao embarcar nas minhas férias recentes em Portugal, testemunhei novamente essa dolorosa realidade.
No hotel de destino, as pessoas encarregadas da limpeza e do serviço do pequeno almoço eram, na sua maioria, imigrantes, enquanto a recepção era ocupada apenas por pessoas caucasianas. A sensação de ser a única família negra no local foi avassaladora, e os olhares indiscretos, por vezes, intensos, não passaram despercebidos. A invisibilidade e o preconceito sutil são feridas profundas que carregamos ao viajar como pessoas negras.

Quantas outras famílias e indivíduos são afetados por essa mesma realidade?

Quantas pessoas deixam de viajar, privando-se de momentos de lazer e descoberta, apenas para evitar o desconforto de se sentirem invisíveis ou maltratadas?

É hora de encararmos o racismo e a falta de representatividade negra no turismo como questões sérias e urgentes que devem estar na pauta das nossas discussões.

Como profissional do turismo, ativista e especialista em igualdade de género, gostaria de partilhar duas estratégias que podem ser adotadas para enfrentar olhares preconceituosos e promover a diversidade e a inclusão no setor.

A primeira:
Promover programas de formação e sensibilização para os funcionários do setor do turismo é essencial. A educação sobre a história e a cultura das diferentes etnias e a importância da representatividade pode gerar empatia e conscientização. Além disso, é crucial sensibilizar os colaboradores sobre os impactos do preconceito velado e da invisibilidade nas experiências dos hóspedes.

A segunda:
As empresas do setor do turismo devem se comprometer ativamente em formar equipas mais diversas e inclusivas. Promover a diversidade étnica e cultural nas recepções dos hotéis, nos restaurantes e em outros setores turísticos é uma forma poderosa de quebrar estereótipos e preconceitos. Além disso, líderes devem incentivar e apoiar o desenvolvimento profissional de mulheres negras, proporcionando oportunidades de crescimento e ascensão na carreira.

Viajar é uma experiência enriquecedora que deveria estar disponível a todos, independentemente de cor, raça ou origem. É inaceitável que as mulheres negras ainda enfrentem olhares de estranhamento e se sintam excluídas de determinados espaços no turismo.

Devemos avançar com determinação para enfrentar o racismo e a falta de representatividade, para que nossas viagens sejam experiências verdadeiramente enriquecedoras, inspiradoras e inclusivas. É imperativo trabalharmos juntos para criar um setor do turismo que celebre a diversidade, acolha a inclusão e promova a representatividade negra em todos os níveis.

A mudança começa nas nossas ações e palavras. Vamos redefinir os limites do turismo e garantir que mulheres negras e todas as minorias sintam-se bem-vindas, respeitadas e valorizadas nas suas experiências de viagem a lazer ou profissional.

Eu sonho com um mundo onde a igualdade de oportunidades e a representatividade sejam o alicerce deste setor, um lugar onde cada indivíduo possa desfrutar das suas férias com dignidade, orgulho e a certeza de que a sua presença é importante, apreciada e valorizada.

Afinal o turismo é para todas e todos, certo?

Saudações Afroturísticas e até breve!

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