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Entre os dias 5 e 12 de maio, o meu sonho tornou-se realidade, manifestado em apenas três meses. Tive a honra de ser convidada pela Brafrica, na pessoa da Bia, para participar do Rolê Afro, uma iniciativa vibrante e enriquecedora que faz parte do programa Salvador Capital Afro.

Durante oito dias, fui turista em Salvador. Absorvi tudo com uma sede de viver toda a magia que me envolvia. A semana foi preenchida com atividades que preenchem o imaginário de qualquer pessoa, refletindo a energia contagiante de Salvador e do seu povo acolhedor. Junto com outros profissionais de turismo, explorei pontos turísticos e locais emblemáticos de Salvador, Bahia, destacando o protagonismo negro na cidade. Durante essa experiência, criei laços profundos com pessoas incríveis, fortalecendo a nossa rede de profissionais comprometidos com o protagonismo negro, com a história de superação e concretização, contribuindo para o fortalecimento do afroturismo.

Nos meus 17 anos trabalhando ao serviço do turismo, nunca havia viajado para um destino onde me sentisse 100% em casa. Como cabo-verdiana e turismóloga dedicada à promoção da igualdade entre mulheres e homens nesse setor, e ao empoderamento e visibilidade das mulheres pretas, essa experiência foi profundamente significativa. Senti-me imensamente feliz, emocionada e acolhida pelo calor do povo baiano, que tanto me lembrou os mindelenses da minha terra natal, Cabo Verde. Tudo ao meu redor evocava uma profunda sensação de pertencimento.

Tive a sorte de vivenciar experiências únicas nos terreiros de candomblé. As tradições orais e todo o oculto e misticismo que envolvem as religiões brasileiras de matriz africana fascinam-me!

Tive a honra de ser convidada pela Brafrica, na pessoa da Bia, para participar do Role Afro, uma iniciativa vibrante e enriquecedora que faz parte do programa Salvador Capital Afro.

Paramos na casa de Máinha, no bairro do Curuzu, para comer uma feijoada caseira. Emocionei-me! Chorei porque vi a minha avó nos traços de Máinha! O abraço dela foi igual ao da vovó. Fui transportada para o passado através das memórias afetivas que trago no meu coração. Estava do outro lado do oceano Atlântico e noutro continente. Emociono-me ao relembrar.

Conheci mulheres pretas empresárias, empreendedoras e incrivelmente inteligentes. A beleza, ai, a beleza! Todas lindíssimas, verdadeiras deusas de uma meiguice inacreditável.

Salvador envolveu-me como um abraço, deixando uma marca ardente no meu coração. Senti-me aninhada no colo da minha avó Yaya!

Salvador é uma sinfonia de sons, aromas e cores, uma cidade onde a negritude é celebrada em cada esquina. Os sons dos tambores, os aromas das especiarias e a explosão de cores nos mercados e nas ruas criam uma atmosfera única. Salvador é negro e também é colorido. As pessoas são artistas natas, expressando a sua criatividade através do artesanato, da dança, da música e da gastronomia. São excelentes vendedores e comunicadores, cheios de simpatia e talento. Os museus estão repletos de história viva, e os guias turísticos são incrivelmente preparados, partilhando o seu conhecimento com uma simpatia extraordinária.

Visitei locais icónicos como o salão da Negra Jô, o salão da artesã capilar Gerusa Menezzes, restaurantes comunitários e barracões de blocos afro, como os Filhos do Congo, Malê Debalê, Ilê Aiyê e Filhas de Gandhy. Cada local refletia a riqueza cultural e a resiliência da comunidade negra de Salvador. Além das visitas técnicas, tivemos experiências imersivas que incluíram exposições de artistas plásticos negros e rituais de bem-estar, como massagens e escalda-pés, no Parque Pedra de Xangô.

Os colegas do Rolê divertiam-se cada vez que eu dizia “calma calabreso”. Como é possível saber dessa expressão, popularizada pelo Dr. Davi, jovem preto da periferia, residente em Cajazeiras?

Agradeço profundamente a todos que tornaram essa viagem possível e inesquecível: Brafrika, Tânia, Suely, Nilzete, Meyre, Simone, Carol, a Prefeitura de Salvador, BID, entre outros. Esta viagem não apenas aprofundou o meu entendimento do afroturismo, mas também reforçou a minha determinação em continuar a promover o empreendedorismo afro e a visibilidade feminina no turismo. O Rolê Afro exemplifica como o turismo pode ser uma ferramenta poderosa para o empoderamento económico e cultural, gerando emprego e renda dentro das comunidades.

Estou a organizar uma viagem inesquecível a Salvador e convido todos a juntarem-se a mim para explorar esta cidade rica em cultura e história.

Vamos viver o afroturismo juntos e celebrar o axé.

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