Top

Olá Deusa,

Ao longo destes anos, experimentei diversos cortes e estilos de cabelo. Já rapei a cabeça, usei afro, alisei e também deixei os meus lindos caracóis reinarem. Incrivelmente, sempre enfrentei dificuldades para encontrar os produtos certos para o meu tipo de cabelo. E claro, já tive dificuldades em pentear o meu cabelo para eventos de negócios, casamentos e até mesmo no dia a dia de trabalho. Passei por situações desagradáveis em que pessoas julgavam meu cabelo como “ruim” ou “estranho”. Para evitar a rejeição, cheguei a alisar o cabelo para me adequar a um grupo. Hoje, quero inspirar outras mulheres a não se julgarem e a se assumirem com o cabelo que bem entenderem, como querem e como se sentem bem.

Recentemente, numa conversa com um amigo e expert em Afrotuismo, discutimos a ausência de shampoos e condicionadores adequados para pessoas com cabelos crespos e cacheados nas unidades hoteleiras. Essa questão me toca profundamente, pois me recorda da época em que usava minha coroa de caracóis. Cuidar do cabelo era desafiador? Sim, especialmente porque o mercado ainda escasseia produtos adequados para os diversos tipos de cabelo crespo e cacheado.

Imaginem um hotel de 4 ou 5 estrelas que oferece produtos de higiene aos seus clientes, mas não a todos os clientes. Como mulher preta, turismóloga e frequentadora de diversos destinos, ainda me sinto excluída pela falta de diversidade e inclusão de produtos que atendam às necessidades específicas do meu cabelo e pele. É por isso que o recorte do afroturismo é tão importante.

Precisamos falar de negócios sustentáveis que priorizam a Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI).


A consultoria realizada por esse meu amigo, o Hubber Clemente, para uma rede de hotéis que agora oferece soluções de produtos capilares para pessoas negras é um passo significativo na direção certa. Essa iniciativa não só promove uma experiência de viagem mais inclusiva, mas também demonstra um compromisso com a verdadeira hospitalidade, que reconhece e celebra a diversidade de seus hóspedes. Para melhorar a experiência dos turistas negros, os hotéis devem tratá-los com respeito, amabilidade e oferecer produtos adequados às características físicas dessas pessoas. Isso inclui disponibilizar shampoos e condicionadores específicos para cabelos crespos e cacheados, além de outros itens de higiene pessoal e ou beleza que atendam às suas necessidades.

Chegou a hora dos hotéis investirem em formação para as suas equipas, promovendo a sensibilização e o respeito à diversidade. Tratar cada hóspede como um indivíduo único, com suas próprias necessidades e preferências, é essencial para criar um ambiente acolhedor e inclusivo.

Além disso, é importante reconhecer e valorizar a beleza do cabelo crespo. Existem diversos penteados maravilhosos que podem ser usados em eventos, enaltecendo a mulher preta. O afro black, as tranças e os dreads são expressões de identidade e devem ser normalizados em todas as esferas. Ainda existem instituições que marginalizam esses estilos, e essas instituições deveriam ter vergonha e serem penalizadas de perpetuar tais preconceitos.

O cabelo crespo é bonito, versátil e cheio de personalidade. Cada cacho, cada trança conta uma história, e é fundamental que a sociedade aprenda a valorizar e a respeitar essa diversidade. Mulheres negras devem sentir-se empoderadas para usar seus cabelos naturais como quiserem, seja em ambientes profissionais, sociais ou pessoais.

Viva o cabelo crespo, cacheado, alisado, desfrizado, curtinho, comprido, colorido, natural. Viva a tua essência.

Inclusão e diversidade não devem ser meramente palavras de ordem ou slogans para propaganda, mas sim práticas autênticas que permeiam todas as áreas das nossas vidas, especialmente no turismo. É crucial criticar as empresas e pessoas que proclamam ter políticas DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão), mas que, na realidade, fazem apenas propaganda enganosa, sem implementar mudanças reais e significativas.
A verdadeira inclusão exige ações concretas e um compromisso genuíno com a valorização da diversidade em todas as suas formas.

Como tem sido a tua experiência como afroturista?


#Mentora #LeilaPortela #Inclusão #Diversidade #Afroturismo #TurismoSustentável #EmpoderamentoFeminino #CuidadoCapilar #DEI #Hospitalidade

post a comment